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O paradoxo dos views e votos: por que o sucesso online nem sempre se traduz em urnas?

Digi & Tal, Por George Soares, Jornalista

Em 05/10/2024 às 22:05:46

Este domingo é dia da tal “Festa da Democracia”. É dia de votar. E na era da em que tudo é digital (e a política não foge a isso), um fenômeno intrigante tem chamado a atenção: candidatos que alcançam milhões de visualizações em vídeos de corte na web nem sempre conseguem converter esse aparente sucesso em votos efetivos. Este paradoxo levanta questões importantes sobre a natureza do engajamento online e sua relação com o comportamento eleitoral.

Uma das hipóteses mais próximas da gente para explicar essa discrepância é o que chamo de “ilusão do engajamento digital”. Visualizações em plataformas como TikTok, Instagram ou YouTube são facilmente obtidas através de conteúdos curtos, muitas vezes polêmicos ou sensacionalistas. No entanto, esse tipo de engajamento tende a ser superficial e efêmero.

O algoritmo dessas plataformas favorece conteúdos que capturam a atenção rapidamente, mas isso não necessariamente se traduz em uma conexão profunda com as propostas ou ideias do candidato. Um vídeo viral pode ser assistido milhões de vezes sem que isso signifique uma adesão real à plataforma política do candidato.

Outra hipótese crucial é a complexidade inerente ao ato de votar. Enquanto assistir a um vídeo requer apenas alguns segundos de atenção, a decisão de voto é influenciada por sem número de fatores que vão desde histórico do político, alinhamento ideológico (da pessoa e da família), contexto socioeconômico em que está inserido e, claro, confiabilidade no candidato.

Agora, nada supera a disparidade entre a demografia digital e o eleitorado real. O público que consome e compartilha conteúdo viral nas redes sociais nem sempre representa uma amostra fiel do eleitorado como um todo. Grupos etários mais velhos, por exemplo, podem ser subrepresentados online, mas têm um peso significativo nas urnas.

Além disso, a “bolha” criada pelos algoritmos das redes sociais pode dar aos candidatos e suas equipes uma falsa sensação de alcance e apoio generalizado, quando na verdade estão atingindo principalmente pessoas já predispostas a apoiá-los. Quem não se lembra do discurso: “pesquisas eleitorais não retratam minha performance. Tenho milhões de views e elas mostram só um traço de porcentagem!”.

No fim das contas, o fenômeno dos candidatos com milhões de views, mas poucos votos, revela as limitações da política centrada exclusivamente no ambiente digital. Embora as redes sociais sejam uma ferramenta poderosa para a comunicação política, elas não substituem o trabalho de base, o contato direto com o eleitorado e a construção de propostas sólidas e relevantes.

Para que o sucesso online se traduza em votos, é necessário que os candidatos utilizem as plataformas digitais de forma estratégica, não apenas para gerar buzz, mas para educar, engajar e mobilizar eleitores de maneira significativa. O desafio está em transformar espectadores passivos em cidadãos ativamente engajados no processo democrático.

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